Descubra como funciona esse mercado e as oportunidades para o Brasil
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Quem acompanhou a COP 27 e outras discussões sobre mudanças climáticas nos últimos anos deve ter ouvido falar do mercado de carbono. A partir de 1997, ano em que foi firmado o Protocolo de Kyoto, esse mercado e seus impactos na economia global vem sendo um dos principais pontos no debate sobre desenvolvimento sustentável.
Antes de mais nada, o que seria esse carbono? Quando falamos de mercado de carbono, estamos nos referindo ao dióxido de carbono (CO²). Esse composto químico se torna prejudicial quando é liberado na atmosfera através da queima de combustíveis fósseis pelo homem. A prática causa desequilíbrio na natureza, aumentando a temperatura do planeta. É o famoso efeito estufa.
Surgido da necessidade de conter as emissões dos gases de efeito estufa, o mercado de carbono ou mercado de créditos de carbono funciona da seguinte maneira:
Cada empresa, país ou organização possui um limite de emissão de gases de efeito estufa. Quem emitir menos que o limite, recebe créditos de carbono que podem ser vendidos a aqueles que passaram do limite estabelecido em uma troca conhecida como cap and trade. Assim, uma tonelada de dióxido de carbono corresponde a um crédito.
Ou seja, quem poluir menos ganha dinheiro e quem poluir mais acaba pagando por isso.
O objetivo, além da redução do efeito estufa e a descarbonização da indústria, é que países ricos e grandes empresas destinem recursos para países em desenvolvimento, apoiando-os com investimentos em iniciativas sustentáveis.
A comercialização dos créditos acontece de duas formas:
- Mercado regulado: participam governos nacionais, regionais ou estaduais que seguem as reduções obrigatórias definidas em acordos internacionais. O Brasil ainda não conta com esse tipo de mercado.
- Mercado voluntário: participam empresas, organizações e até pessoas físicas por iniciativa própria. Os créditos podem vir de diversos tipos de projetos de redução de gases de efeito estufa, como reflorestamento e sistemas de energia renovável. Esse tipo de mercado já é adotado no Brasil.
O mercado europeu viu uma alta no investimento internacional do crédito de carbono em 2021. O valor de uma tonelada de dióxido de carbono atingiu aproximadamente 57 euros, o equivalente a R$ 365. Isso demonstra o crescimento do mercado de créditos de carbono e as oportunidades que estão por vir nesse investimento.
Por falar em mercado europeu, o cenário internacional já se mostra aquecido com os créditos de carbono. No estado da Califórnia, Estados Unidos, um dos maiores mercados de carbono se encontra em pleno funcionamento, com mais de 250 milhões de créditos de carbono gerados somente no início de 2022, graças a projetos locais. O Mercado de Carbono de Quebec, no Canadá, atua junto à Califórnia, com a compra de créditos.
A União Europeia possui o maior mercado de carbono internacional, o EU-ETS (Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia). Desde 2005, 31 países seguem as diretrizes de comercialização de créditos do Sistema, com a participação de mais de 10 mil instalações industriais.
Segundo a Waycarbon, consultoria voltada à soluções tecnológicas sustentáveis, o potencial de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 para o Brasil foi de US$100 bi para até US$120 bi. Nessa mesma projeção, o país também pode atender de 22,3% a 48,7% da demanda global por créditos do mercado voluntário.
Mesmo com oportunidades tão grandes, o cenário brasileiro ainda enfrenta barreiras de natureza mercadológica, política, econômicas, regulatórias e técnicas. Dentre elas, podemos citar a baixa maturidade do mercado voluntário de carbono, dificuldades no monitoramento, relato e verificação das medidas de mitigação, e a falta de algum nível de regulação para o mercado brasileiro.
Movimentações no campo político que visam derrubar essas barreiras já podem ser observadas, como o Projeto de Lei 528/2021, anexado junto ao Projeto de Lei 290/2020, que regulamenta a compra e venda dos créditos de carbono no Brasil. Enquanto o PL tramita no Congresso, iniciativas voltadas para o mercado voluntário, como o programa BNDES Créditos de Carbono, buscam estimular projetos geradores destes créditos.
A R10 Consultoria é um dos agentes que buscam viabilizar cada vez mais projetos voltados para o desenvolvimento econômico sustentável nos estados brasileiros, apoiando inclusive o mercado de carbono. Entre em contato com a nossa equipe e fique por dentro das nossas publicações.
